sábado, março 17, 2012

Clocks

O Risco do Senso Comum

O clima estava silencioso naquelas salas vazias do grande edifício comercial. Era aquela a noite na qual ela realizaria seu maior desejo. Tivera que pensar muito, perder noites de sono para criar tamanha coragem. Mas finalmente faria aquilo. Ela era uma mulher solteira de vinte e quatro anos, vivia na casa da mãe e sonhava ter seu lugar, sozinha. Naquela circunstância que se passava numa quinta-feira às dezenove horas, um apartamento só seu seria viável. Mas de qualquer maneira, o ambiente escritório alimentava mais ainda o desejo.
Ele era um homem sério, executivo formado no exterior que estava prestes a se casar com uma herdeira do ramo do petróleo. Aquela era sua última noite na cidade, antes de voar para New York, para encontrar a então noiva. Ela sabia que não podia deixar essa oportunidade passar, já que provavelmente da próxima vez que o visse ele seria um lindo homem de trinta e nove anos... Casado.
Ela vestia uma roupa comum, saia social preta pouco acima dos joelhos e uma camisa social branca. A meia fina preta caía muito bem com o scarpin preto. Por fora um visual simples, mas atraente. Por baixo, uma linda lingerie cor-de-rosa com rendas em preto, que ela esperava loucamente que ele arrancasse com desejo.
Atravessou o corredor e parou na porta da sala dele. A mesa de marfim estava iluminada por uma luminária e um notebook.
- Ainda aqui? Pensei que já tivesse ido, e que eu estava sozinho.
- Estava terminando um relatório que me pediu Richard. – Ela diz, dando um passo para dentro da sala dele.
- Mas eu disse que podia me entregar em duas semanas, quando voltasse de New York. Você é mesmo muito eficiente Ashley.
- É tem coisas que não podem esperar a sua volta. – Ele levanta o olhar e fixa nos olhos dela, que brinca com a barra da blusa, mas sem tirar os olhos dos dele.
Ele dá um sorriso tímido que o deixa ainda mais atraente. A forma como  aquele homem maduro ficava com as bochechas coradas a deixava com mais vontade ainda de tê-lo entre suas pernas, abraçando-o e beijando-o intensamente. Ela resolveu ir em frente.
- Eu sempre quis experimentar este whisky. – Diz ela se dirigindo ao mini bar que estava logo atrás dele. Caminhou da maneira mais sensual que pode. – Sirvo a nós dois? – Ela pergunta e encosta de leve a mão no braço dele.
- Claro, uma dose não vai fazer mal. – Ele estava aparentemente nervoso.
Ela entrega o copo para ele e se encosta de leve na mesa cor marfim. Sorve um gole da bebida e o vê virar todo o whisky de uma só vez. Desabotoou o primeiro botão da camisa. Ele não disse nada. Desabotoou então o segundo e terceiro botão. Ele apenas olha. Naquele momento Ashley percebeu que ele já era seu. Sentou-se no colo dele, de frente, e tirou toda a blusa. Tocou-lhe o rosto de leve e excitava-se cada vez mais ao sentir que aquilo estava finalmente acontecendo. Ele estava com a barba por fazer e isso o deixava ainda mais sexy. Finalmente beijou-o com intensidade e ele agarrou seus quadris com o mesmo desejo. Ele tomou a frente na situação e deitou-a sobre a mesa, afastando o notebook. Ele a beija intensamente à medida que abre o zíper da saia dela. A lingerie que ela usa o deixa louco, com ainda mais vontade de ter aquela mulher. Ela tira a camisa preta de botões dele, sem se importar em estourar dois dos botões. Sentir aqueles braços fortes a abraçando, sentir aquelas mãos macias tocando-a com desejo, era melhor e mais prazeroso do que ela imaginava.
 Foram os melhores momentos que passara em sua vida. Depois daquilo jurava que nele pudesse despertar algum sentimento. Errado. Um homem de negócios, comprometido com o trabalho e a família como ele, jamais deixaria leva-se  por uma noite. Ainda que tivesse fantasiado aquilo tantas vezes quanto ela, e tivesse lançado olhares, indiretas, e sorrisos, ele jamais trocaria sua vida certa e planejada por uma vida com uma simples secretária (ainda que ela tivesse lhe proporcionado a noite mais quente de sua vida). Quando voltasse de viagem, casado e com saudade de Ashley, tudo que encontraria seria uma mesa vazia. No dia seguinte Ashley pediu demissão e mudou-se para Chicago. Nunca mais o veria. Nunca mais o sentiria. E três anos depois, quando encontrasse um representante daquela organização numa convenção de multinacionais, descobriria que Richard nunca fora à Nova York encontrar a tal noiva, e nem chegara perto de casar-se com ela. Acabou morrendo há três anos num trágico acidente de carro, rumo à Chicago.




2 comentários:

  1. provocante, muito bom! Parabéns

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    Respostas
    1. Obrigado! Infelizmente não podemos publicar um conteúdo mais adulto (ainda) por conta da privacidade do Blogger, mas breve teremos mais contos nesta linha publicados! :)
      Mais uma vez obrigado por visitar meu blog!

      Abraços

      Karina

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