quinta-feira, fevereiro 16, 2012

Miss Nothing

Mais Que Uma Obsessão

Da janela do meu quarto eu posso ver sua casa. Do outro lado da rua e tão distante de mim. 156 é o número (156, que coincidência, justamente o nome da música que me faz pensar em você). Você se move, fala ao telefone, dá risadas, ouve música. E o único som que ouço é o som das minhas lágrimas escorrendo pelo meu rosto (um rosto muito feio) e tocando o assoalho. Já passa da meia-noite e eu ainda estou de pé, parada no escuro, deixando-me iluminar apenas pela lua. A mesma lua que ilumina seu quarto. Você apaga a luz, e sei que agora posso me deitar. Uma lágrima negra toca meu travesseiro e uma ideia me vem à mente. Eu sei que você jamais olharia para mim (está ocupado demais beijando sua namorada popular e fútil), mas se não tivesse escolha, conseguiria olhar para dentro de mim e enxergar meu lado bom. Um lado que ninguém enxerga. Um lado que guardei só para você.  Ser apenas uma boa amiga não basta para mim, nem para os meus desejos.
Não sei como tive coragem, mas agora que esta ideia me veio à mente, não posso recuar. Você vai ser meu. Uma única vez. E depois não será de mais ninguém.
Atravesso a rua e paro em frente à sua casa. Uma linda casa branca com um telhado azul-marinho. Entro pela porta dos fundos e meu coração dispara. À medida que caminho no escuro em direção à sala, eu sinto meu corpo arrepiar-se e minha espinha congelar. Estou com medo. Mas este é um medo gostoso. Subo as escadas lentamente e paro em frente à sua porta. Abro-a devagar. O ranger da madeira me faz tremer. Você fica ainda mais lindo enquanto dorme. Parece-me tão inocente e doce... Seu corpo tem um cheiro maravilhoso. Minha mão toca seu rosto de leve, um rosto macio e apaixonante. À meia luz você abre os olhos, sentindo minha boca tocar a sua. É uma pena que a lua não esteja iluminando seu rosto, gostaria de olhar nos seus olhos nesse momento. Você corresponde ao meu beijo como nunca pensei que corresponderia. Deito-me com você e embaixo do edredom sinto seu corpo quente. Não me importa que você não fale nada, os gestos e toques quentes já dizem tudo. Por cima de você posso sentir seu coração bater, num ritmo acelerado, e nossos toques e carícias aumentam com intensidade. Só lamento por você não estar vendo meu rosto, minha expressão e satisfação. E nem a lingerie vermelha que vesti especialmente para você. Sinto o calor dos nossos corpos tornar-se cada vez maior, à medida que sua roupas saem do seu corpo. Enfim, você profere a primeira palavra desde o início de tudo. Mas por quê? Por quê você foi dizer justamente isso? Você não me conhece? Nunca prestou atenção em mim, em como fico irada com facilidade? Estava tudo tão perfeito, e você seria só meu em segundos. Meu. E não da “Brittany”. Sim, foi essa maldita palavra que você  pronunciou. Paro por um momento, e nem deixo que você termine de falar “O que foi?”. Quando percebo, já atravessei o lápis em sua garganta. Banhada em sangue, eu me recuso a sair de cima de você. Você está perdendo as suas forças, não pode respirar, e está encharcado deste belo líquido vermelho. Deito-me sobre seu peito, enquanto você emite seus últimos grunhidos (?) e apenas fecho meus olhos, para sentir seu coração, lentamente, começar a bater mais devagar... E mais devagar... E enfim parar. Mas eu prometi. Prometi a mim mesma que seu coração seria só meu. Levanto e pego a espada que decorava a penteadeira do seu quarto. Estou certa de que ela era importante para você. Abro seu peito e finalmente arranco seu coração. Está quente além do que eu pensava. Envolvo-o nos meus braços como se fosse um urso de pelúcia. Algo feito para mim, que eu cuidarei como uma preciosidade. Não duvide quando digo querido, que seu coração é meu. Passo pelas pessoas fingindo uma expressão de tristeza por ter perdido um amigo; pois elas não sabem que eu sim, tenho seu coração.




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