quarta-feira, janeiro 11, 2012

Lonely Day


Sabor de Sangue Fresco

As luzes dos postes piscando, as ruas vazias e a escuridão sem fim penetrando nas velhas casas devia ser a característica mais notável daquela cidade. O homem alto e de cabelos até os ombros caminhava rumo ao desconhecido, mas sabia que não sairia dali antes do amanhecer se não buscasse ajuda. Seu Plymouth vermelho estava estacionado logo na esquina, e ele subia a rua íngreme procurando por alguma alma viva.
Deparou-se com um bar imundo aberto, onde dois homens bebiam no balcão sujo de madeira. Ao entrar no estabelecimento notou uma mulher de vermelho, aparentando trinta ou trinta e dois anos, sentada sozinha na mesa do fundo do bar. Sobre a mesa, um Martini e um aparelho de celular. Ela tinha o olhar triste, e estava cabisbaixa.
- Boa noite. Por gentileza, o senhor poderia me ajudar? – Ele se dirige ao dono do bar, um velho gordo e careca, com a barba por fazer e uma aparência assustadoramente suja. – Onde posso conseguir uma correia de ventoinha?
O velho tira do bolso um pente de mão e passa de leve no que restou de cabelo na extremidade da cabeça.
- Posso conseguir qualquer coisa que o doutor quiser. Só vai lhe custar cem pratas. – o velho sorri, mostrando os dentes amarelados e sujos.
- Cem? Você está louco? Eu não tenho esse dinheiro.
-Eu posso ajudá-lo. – A dama se levanta, apanha o celular da mesa e se aproxima dele. – Venha comigo até o meu carro. Eu te ajudo.
O velho dono do bar arregala os olhos, surpreso. A mulher sai do bar e ele a segue até a rua.
-Desculpe moça, mas como você pode me ajudar?
-Não se preocupe, eu tenho o que você precisa, ali dentro do meu carro. – Ela esboça um sorriso que o intriga.
Eles caminham até uma caminhonete preta, ela abre a porta e entra, deixando o vestido vermelho justo subir uns dez centímetros, revelando boa parte de suas belas pernas. Ele não resistiu e disfarçadamente olhou.
- Aqui está. – Ela entrega a ele a correia.
-Por que você tem uma correia de ventoinha no seu carro? – ele pergunta intrigado, sem saber se fixava o olhar naqueles lindos lábios tingidos por um brilhante e chamativo batom vermelho, ou naquele decote.
- Tenho muitas coisas dentro do meu carro... E pensando bem, não acha que deveria agradecer-me? – A dama passa a mão direita de leve no botão da camisa preta dele.
Num olhar atraente, ela desde a mão, passando pelo peito dele e paga sua mão. A linda mulher o conduz até o interior do carro, onde ambos vão para o banco de trás. Entre beijos ardentes e toques por toda a parte, ele sequer pensava que em casa havia uma mulher que o esperava para o jantar. Desde que começou a morar com a namorada já havia deixado claro que sairia com outras mulheres, e ela o aceitou daquele jeito. Era um homem, e naquele momento, sentindo aquela maravilhosa mulher junto de si, estava agindo como um homem. Ela desabotoou o botão da calça dele, e ele fechou os olhos, esperando pelo prazer que viria em seguida. Ainda bem que ele fechou os olhos. Em uma abocanhada extremamente feroz ela arrancou-lhe a genitália, fazendo-o gritar como nunca havia gritado em sua vida. Aquela linda e glamorosa mulher devorou aquele singelo pedaço de carne, satisfazendo sua fome, o sangue fresco parecendo mais um tempero. Ele gritava desesperado, com as mãos entre as pernas tentando estancar o sangramento. Ela aproveitou aquele momento de fraqueza, em que ele jamais conseguiria levantar-se e correr, tamanha era a dor, e segurou a cabeça dele com as duas mãos, obrigando-o a olhar nos olhos dela. Eram olhos amarelos e cheios de fúria. Ela abriu a boca num grito perturbador, como um leão rugindo e direcionou o olhar diretamente nos olhos dele. Arrancou-lhe o olho direito com uma espécie de língua de lagarto, que media aproximadamente vinte e cinco centímetros e era bifurcada. Mastigou com prazer. Deixou-o desmaiar  e deitar de vez no banco do carro. Ela percebia que ele ainda respirava, a barriga dele subia e descia indicando que ainda havia vida naquele corpo. Ela não ia mais morde-lo, mas o ritmo da respiração, o cheiro do sangue fresquinho e o gosto que ele deixou em sua boca, a fez querer mais. Ela pegou-o pelos cabelos e passou aquela grande língua, cheia de sangue, em todo o rosto dele. Chegou até a barriga e deu-lhe uma caprichada mordida onde deveria ficar o fígado. Ainda saboreando, ela percebeu que o deixou como uma maçã mordida, e riu por dentro. Eram quase duas da manhã, e ela avistou a luz de um carro no horizonte. Desceu da caminhonete, lambeu dos dedos o que restava do sangue, e fez sinal para que o carro parasse. O monstro/zumbi faminto era agora apenas uma doce e sexy dama de vermelho, impecavelmente limpa e inofensiva, pedindo carona a um estranho (uma próxima vítima).



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